SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Marcada por discurso de tom nacional do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a filiação do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, ao PP, na noite desta quinta-feira (22), gerou incômodo entre aliados próximos de Jair Bolsonaro (PL).
Para esse grupo, o ato reforçou a projeção presidencial de Tarcísio, impulsionada por líderes de partidos de centro-direita que já teriam desistido de lutar pela restituição dos direitos políticos do ex-presidente.
Chamou a atenção a ausência de parlamentares bolsonaristas na cerimônia, realizada em uma casa noturna da Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. O local, com capacidade para mil pessoas, estava lotado e contou com representantes de quase todas as siglas do espectro centro-direitista União Brasil, PSD, Podemos e PL marcaram presença.
Segundo apurou a reportagem, o boicote foi deliberado, motivado pela expectativa de que o evento servisse como palanque para Tarcísio. Parte da bancada bolsonarista nem chegou a ser convidada, após sinalizações de que desaprovaria o tom político da celebração.
Integrantes do grupo criticaram o fato de nem Tarcísio nem Derrite terem defendido a anistia aos presos pelo 8 de Janeiro ou criticado a inelegibilidade de Bolsonaro. O governador deve testemunhar em defesa do ex-presidente no processo em que é acusado de liderar uma tentativa de golpe, em análise no STF (Supremo Tribunal Federal).
Há duas semanas, o mesmo grupo já havia demonstrado insatisfação com a articulação do ex-presidente Michel Temer (MDB) para formar uma frente de governadores de centro-direita, sem Bolsonaro, com vistas a 2026.
Na ocasião, Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, publicou em rede social que eleição “é voto” e que os votos estão com o ex-presidente.
No evento desta quinta, Derrite se apresentou como pré-candidato ao Senado e afirmou pretender formar uma chapa com Eduardo Bolsonaro (PL). Em 2026, estarão em disputa duas vagas por São Paulo.
Durante seu discurso, o secretário afirmou que o estado tem “a possibilidade real de eleger dois senadores conservadores” e apresentou sua plataforma, que prevê mudanças na legislação penal como forma de combate ao crime, responsabilidade que atribuiu ao Congresso Nacional.
Nos bastidores, porém, Derrite também é apontado como possível nome para o governo estadual caso Tarcísio renuncie para disputar a Presidência.
Já Tarcísio destacou que aquele grupo estaria unido até as eleições. “No momento em que há dúvida, no momento em que tem muita gente lá em Brasília perdida, que não sabe o caminho, e em que as decisões são tomadas de forma casuística, às vezes até de forma irresponsável, tem o grupo aqui, que está unido, que sabe o caminho, que quer fazer a diferença”, disse.
Um aliado próximo de Bolsonaro afirma que o ex-presidente não decidiu quem será seu indicado caso se mantenha inelegível, mas que a aposta é que será ou Eduardo ou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Apesar de todo o e que já tem na centro-direita, Tarcísio não tem o apoio do padrinho para a Presidência, segundo este aliado.